Thursday, October 25, 2012

SALVE O RESPEITO



Você tem o direito de assistir o que quiser na TV.

A frase acima pareceu não ter sentido na última semana. A nova novela do horário nobre da Rede Globo trouxe consigo uma avalanche de protestos quanto a referência ao santo guerreiro, São Jorge, cultuado pela igreja católica e sincretizado ao orixá Ogum das religiões afro-brasileiras.

E é um tal de trazer maldição pra cá, de ta amarrado para lá. “Se você é cristão de verdade não assistirá a novela”. Coisas do gênero lotam as redes sociais e e-mails. Em contra partida há os que dizem: eu vou ver mesmo, e daí?  E tome citações de versículos bíblicos a granel!

Confesso minha identificação com os que postulam – “Se eu quiser eu vou assistir e você não tem nada a ver com isso”, mas proponho aqui algumas reflexões sobre o fenômeno descrito aqui.

Primeiro,  tudo isto se enquadra perfeitamente no cenário que se pode inferir de Romanos 14. A questão ali descrita envolvia o que se comia e o que se bebia como pratica diária dos participantes daquela comunidade de fé. Os que bebiam vinho não comiam carne, os que comiam carne não bebiam vinho, tudo baseado em convicções culturais e religiosas. Nenhum problema se tudo isso não resulta-se no julgamento de um grupo para o outro e, pior ainda, na instituição dos grupos definidos e antagonistas: os BEBEDORES-NÃO-CARNÍVOROS versus os CARNÍVOROS-NÃO-BEBEDORES.


Paulo aborda assim a questão:

Aceitem o que é fraco na fé, sem discutir assuntos controvertidos.
Um crê que pode comer de tudo; já outro, cuja fé é fraca, come apenas alimentos vegetais.
Aquele que come de tudo não deve desprezar o que não come, e aquele que não come de tudo não deve condenar aquele que come, pois Deus o aceitou.
Quem é você para julgar o servo alheio? É para o seu senhor que ele está de pé ou cai. E ficará de pé, pois o Senhor é capaz de o sustentar.
 (Romanos 14:1-4)

Destaca-se aqui que estas discussões são desmotivadas sendo identificadas como questões importantes para quem se qualifica como FRACO.

Ao contrario disso, hoje o que se vê é a necessidade de se afirmar como FORTE, santo, espiritual por que não se come, bebe,  assiste determinada programação da TV e qualquer outro comportamento. É fato também que os que comem, bebem e assistem, tendem a se sentirem mais maduros, capazes de discernir e espiritualizados por fazerem tais coisas e estas não os perturbar.

O simples fato de se ter a necessidade de reafirmar suas convicções e praticas, querendo mostrar tanto a sua moralidade rigorosa quanto a sua valoração de outros aspectos da vida, já denota e qualifica a pequenez, a mediocridade e pouca profundidade da relação com as questões da fé e da vida. É no RASO que estas coisas são importantes e quem se aprofunda no cuidado com o que realmente faz sentido não navega nos raseiros.

O conselho de Paulo com relação ao lidar tanto com os BEBEDORES-NÃO-CARNÍVOROS quanto com os  CARNÍVOROS-NÃO-BEBEDORES é que se faz necessário “ter paciência com estes”.

Só é necessário ter paciência dado que  todo FUNDAMENTALISMO é chato. Toda bandeira que se defende vorazmente, desprezando e entendo o diferente como menos qual quer coisa é, na sua alma, fundamentalista, logo é intolerante, julgador, desagregador, pouco aberto ao diálogo e obtuso no olhar a vida. O fundamentalista é RASO.

Aos Romanos é dito que “o reino de Deus não é comida nem bebida” (14.17), apenas por que os elementos da desagregação eram estes tais. Qualquer coisa que não seja da “justiça, paz e alegria no Espirito Santo” se enquadra na condição de comida e bebida. Tais debates só alimentam a vaidade, mesmo com todo ar de santidade que têm. 

Bobagem. O Respeito ao diferente vale mais no Evangelho do que qualquer outra questão. Foi com respeito que Jesus tratou até seu amigo traidor.

Em segundo lugar, a vida é boa quando cada um se abstém ou não com a consciência em paz. A CULPA é o que faz qualquer coisa virar maldita.

O capitulo 14 de Romanos se encerra com a seguinte fala de Paulo:

Assim, seja qual for o seu modo de crer a respeito destas coisas, que isso permaneça entre você e Deus. Feliz é o homem que não se condena naquilo que aprova.
Mas aquele que tem dúvida é condenado se comer, porque não come com fé; e tudo o que não provém da fé é pecado. (
Romanos 14:22-23)

Todo homem que se condena no que aprova, que sente culpa no que diz aprovar, que fala sim e consciência diz não é um INFELIZ ESSENCIAL.

Fiquemos então em paz com a gente mesmo diante do que aprovamos, assistimos, comemos e bebemos. Se assim não for tudo carrega o peso de ser pecado. A culpa, a duvida, o juízo torna em pecado qualquer pratica, até a mais inocente.

Em último lugar quero destacar o quanto vale o respeito pelo outro. Cada um de nós temos uma historia de vida, de escolha e de maturação diferente. Cada um de nós é um universo diferente. Um dos grandes problemas da religiosidade evangélica está no querer uniformizar os indivíduos, tornando a vida simplista, por exemplo quando em nome da fé age desprezando as deficiências e os traumas que tanto limitam pessoas. Todos precisam ser “mais que vencedores” e/ou  super heróis da fé. Nestes ambientes não se admite o diferente, o contraditório. O pensar diferente é ruim, contrariar é indizível.

Temos aqui um elemento perigoso e já presente no controle de massas neste e em outros tempos. Refiro-me ao: "obedeçam, tão somente obedeçam".

Não toque , não faça, não olhe, não diga, não beba, não coma, não transe, não assista e coisas desta ordem das cartilhas da religião, quando encaradas como parâmetro para ser ou não ser “de Deus”, ou ser ou não ser “cristão verdadeiro”, só serve para este esforço manipulativo e desrespeitador das diferenças se reafirmar.

Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo, por que é que vocês, então, como se ainda pertencessem a ele, se submetem a regras:
"Não manuseie! " "Não prove! " "Não toque! "?
Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos humanos.
Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne. 
(Colossenses 2:20-23)

Pare e pense, faça qualquer coisa com a consciência em paz, se não for assim simplesmente NÃO FAÇA e se não fizer não ache que ficou mais relevante por não fazer, julgando menos relevantes os que fazem. A mesma coisa vale para o inverso. Estes são parâmetros do Evangelho para a vida. Parâmetros de amor e graça.

Que não nos tornemos juízes de ninguém, nem de nós e vivamos em paz.

No amor de quem da importância ao que de fato importa.

Saúde e Paz,
Fabio


Tuesday, October 23, 2012

BACKWATER - A MAÇÃ PODRE E A PRIMEIRA PEDRA.


O vídeo acima O EVANGELHO DE BACKWATER merece ser visto e revisto. A animação retrata  a religiosidade excludente, assassina e eleitora de maçãs podres.
Os violeiros da vida, que veem  as miserabilidades da história da cidade, do sacerdote maligno que não pode ser questionado e o coveiro-demônio- matador é o senhor de tudo.

BACKWATER é de agora.

Assista, reflita e largue as pedras.

Por amor ao Evangelho de Jesus, que não atira pedras e nem faz calar os cantadores da verdade.

Fabio

Monday, October 01, 2012

BEM AVENTURANÇAS DA LIBERDADE: NOS ARES, NA SOMBRA, NO VENTO E NO MAR.




Nas asas da liberdade voam os que sonham com o apenas ser;
Voam para longe dos status e ideologias, para longe das opiniões e juízos;
Pousam na consciência tranquila, na boa noite de sono ante aos gritos dos acusadores;
Repousam na paz que cancela a culpa que nunca existiu, mas que, insistentemente, tentam jogar-lhe nos ombros da alma.

Bem aventurados os livres dos padrões, encontram a benção de ser apenas um único ser.

Sob as asas da liberdade descansam os que se livram de toda forma de opressão;
Deitam no frescor de quem não quer alimentar monstros insaciáveis da fartura do poder;
Dormem o sono das almas respeitadas e sinceras, que conheceram, um dia, as grades do inquisitor, mas no hoje abrem asas e voam;
Acordam na vida responsável de quem sabe que de si virão as escolhas que construirão o amanhã.

Bem aventurados os livres dos dominadores, gurus e donos da verdade, eles sempre serão donos de sua mente.

Ao vento da liberdade assentam-se os que amam o respeito as diferenças;
Chegam sempre perto do outro, mesmo discordando de atos e pensamentos, já que aprendem que respeitar é simplesmente ser livre;
Afastam-se dos tribunais oficiosos, defendem o direito e vivem sedentos de justiça;
Abraçam a paz, a sinceridade, o carinho e a amizade, são soprados pela brisa da compreensão.

Bem aventurados os que usam os indicadores para mostrar o Caminho, eles jamais se emprestam ao acusador.

No mar da liberdade navegam em segurança os que venceram as ondas turbulentas da auto justificação;
São levados pelos oceanos da paz e nunca param em ilhas habitadas pelos que sempre só possuem certezas;
Chegam em praias limpas e sombreadas de Graça e são conduzidos pelo timoneiro Justificador;
Nas velas a brisa soa: "quem os condenará?"

Bem aventurados os que vivem, erram e aprendem, mudam e ajudam os que vivem, erram e assim têm a oportunidade de aprender.

No amor do Mestre, que por amor nos chamou para a liberdade,

Saúde e Paz
Fabio

Monday, September 10, 2012

A VELHA NOVIDADE QUE SE RENOVA



Em si a palavra evangelho já possúi alma de novidade. Evangelho é boa nova, a boa noticia, a agradável novidade que estava oculta dos séculos e das gerações: Cristo em nós a esperança da glória. Glória que não é condicionada a transitoriedade de tudo aqui; glória além das aprovações e aplausos; glória que está na direção do que eterno.

Jesus é o Evangelho.

A Boa Notícia não é um compendio teológico ou um pensar sobre o amor de Deus. Jesus em pessoa é a Boa Nova.

Ele não é um credo, mas crer Nele é vida eterna. Ele não é um código de ética, mas andar Nele e como Ele, é viver no caminho do certo.

Vendo assim, tudo se simplifica.

Se Ele é o Evangelho falar do Evangelho é falar d
Ele e, antes disso, viver o Evangelho é buscar Ele como molde, alvo, objeto e objetivo da carreira da fé. Isso é simples já que a imagem do modelo Jesus é clara esta posta diante de nós nos evangelhos e em todo o Novo Testamento.

O Mestre é simples. Tudo é simples.

Viver o Evangelho é atentar para o que o Senhor Jesus, o Evangelho vivo, ensinou, logo é fazer o que ele diz que deve ser feito, mas tudo feito em amor, por que senão não é Evangelho de Cristo, pois esse se cumpre em, prioritariamente, amar a Deus sobre tudo e ao outro como a si mesmo. Fora disso, fora do amar, toda pratica pode ser apenas evangélica, mas nunca o viver o e para o Evangelho.
Perdoar o ofensor, não julgar ninguém, tirar a estaca do olho e antes de querer arrancar o pequeno grão dos olhos do irmão, é ver o outro superior a si mesmo, é servir, é amar, são atos de justiça. É o Reino que Jesus nos ensina a viver. É tudo simples, nada engessado, tudo muito livre e nada muito novo.

È ser mais humano, simplesmente isso.

Estranhamente essas palavras podem soar novidade. Sei que parecem ser diante da velharia religiosa, legalista e empoeirada das instituições religiosas, mas não são novas, são apenas as Boas Novas. Também não são ultrapassadas, pois a Verdade se renova sempre na misericórdia renovável do amor de Deus em Cristo revelado.
Vivamos o Evangelho que não é nada novo, mas capaz de fazer tudo na vida virar novidade de vida.

Saúde e paz

Fabio

Monday, July 30, 2012

AVENIDA BRASIL: CARMINHA, NINA, FABIO E A GRAÇA.


É cultural, indiscutível e imensurável, brasileiro gosta de novela. Como na maioria dos fenômenos populares há aqueles que querem se sentir superiores a cultura de massa, a esses cabe a postura de quem não assiste por que é tudo muito “rasteiro e pouco intelectual”. Pode até ser, mas não há quem saia ileso, até quem não gosta (de verdade e não por pseudo-intelectualismo) e não assiste, simplesmente não consegue ficar completamente imune aos folhetins diários dos horários nobres da TV brasileira.
Não atoa o Brasil produz novelas respeitadas mundialmente, levando assim a nossa cultura e os nossos artistas a terem fama em vários países. O Brasil vai junto com a sua arte. A arte é fruto do tempo e do lugar do artista, então não se desassocia o artista de sua terra. Sua obra esta, enquanto produto, na alma de seu país, de seu povo, de sua terra.

Possivelmente, nesta etapa do texto, alguém já começa a concluir que vou denunciar os abusos e absurdos morais propagados pelas telenovelas em suas muitas formas de mostrar a vida sob uma perspectiva relativizada e pluralista no sentido do comportamento ético e do juízo de valores no que diz respeito aos padrões mais tradicionais da sociedade. Estas linhas não são sobre tais questões, até porque vejo que a arte reflete a própria sociedade (ainda que a indústria do entretenimento possa e faça parte da formação do senso comum), portanto as novelas são um espelho da sociedade antes de ser um modelo para a mesma.

Novela é sempre assunto. Carminha e Nina são assunto. As duas personagens da novela “Avenida Brasil” tinham estereótipos maniqueístas muito claros até determinado momento da trama: Carminha representando o mal, uma psicopata, capaz de qualquer meio para alcançar os seus fins – dinheiro e poder; Nina/Rita representando o bem, a vitima, abandonada pela madrasta Carminha em um lixão, Nina/Rita quer apenas vingar a memoria de seu pai e revelar a verdadeira face de Carmem Lucia que agora é esposa de ex-jogador de futebol famoso e milionário. A menina cresce e é adotada por uma família argentina, mas mantem um desejo de vingança latente.

O Brasil torce por Nina, que consegue, de forma inteligente e sutil, morar na mansão de Carminha tornando-se cozinheira da família e, mais que isso, conquista a confiança da inadvertida patroa. Quando Carmem Lucia descobre o plano de Nina pretende mata-la, porém ao invés de executar o assassinato tem um plano mais cruel, um quase assassinato, uma demonstração de força, uma humilhação psicótica, um “eu não te matei por que não quis”.

O jogo vira quando Nina começa a chantagear Carminha. A cozinheira tem fotos da patroa com seu amante e pode destruir o casamento desta com Tufão, o que causaria a perda daquilo que Carmem mais preza, o dinheiro e o status. Além disso, a Dona Carminha tem uma imagem de caridosa e de esposa fiel, o que já lhe fez pretender até a disputa por um cargo público.

Chantagem armada Carminha está nas mãos de Nina e, como obra do destino em seus dias mais impetuosos, toda a família viaja, Nina e Carminha ficam sozinhas na mansão. Uma semana das maiores humilhações (ou seria das melhores?). A patroa tem seus cabelos cortados, é chamada de vadia o tempo todo e obrigada a todos os serviços domésticos. Quem não viu os capítulos anteriores diz, facilmente: “Essa Nina é doente”; “Essa Nina é louca”. Na verdade a duvida esta lançada. Quem, de fato, seria sã nesta história? Quem de fato representa o bem e o mal? Onde está o bem neste universo fantasiosamente realístico?

As “Avenidas Brasis” passam bem perto de nós. Carminhas e Ninas navegam em águas próximas de nossos continentes existenciais.

Para Carminha, maquiavelicamente, os fins justificam os meios. Ela não sente culpa, não sente empatia, talvez demonstre tais coisas quando estas são meios para os seus fins. O mercado, a vida, a religião estão cheios de Carminhas. Pior ainda, Carminha é padrão de sucesso, psicopatas são pessoas de sucesso na hipermodernidade, dado que cumprem bem as exigências de impessoalidade pelo capital, de não sentimento pelas metas, de numeralização da existência e dos existentes. Há Carminhas em nome de Deus. Há “carminização” é facilmente vista como “formação do caráter do vencedor”. Uma cultura psicopática surge. Assassinos? Nem todos, a maioria não, mas todos tratam o outro como descartável, ainda dão graças por terem recebido a benção de verem seus inimigos humilhados diante de si. No Evangelho a desconstrução da inimizade é presente sempre. O perdão ao inimigo faz com que, ao menos para quem perdoa, tal inimizade desmorone. Isso não garante uma relação de amizade profunda e eterna, mas garante boas noites de sono e um coração em paz.

- Carminha, se arrependa e mude. Há perdão para você, mesmo que tenha que pagar pelos seus erros, a benção da mudança, o começar de novo é possível.

Para Nina só a vingança justifica a vida. Vingar tornou-se seu objetivo de ser. Nina adoeceu de ódio. A menina vitima esta parecida com seu algoz. Seu rosto se desfigura de ódio (destaca-se a interpretação de Debora Falabella), suas palavras não medem esforços para ofender e humilhar. Tudo reação, mas que não deixa de refletir aquele universo interior desbotado, enfeiado pelo ódio e pelo desejo mais puro de vingar-se. Ninas andam por ai, Ninas podem andar por aqui, dentro da gente. O desejo de ver o outro rastejar humilhado adoece quem o alimenta. Não importa o algoz, o inimigo, o ofensor, quem se alimenta ou bebe das fontes do rancor se saboriza de amargura, fica com este gosto de fel em si. Há muitas Ninas nestas avenidas reais.

- Nina, ainda que você tenha razão, por amor, perdoe Carminha e deixe que ela vá colher os frutos de sua maldade, seja aqui, seja no não-aqui-eterno.

Como seria bom que tal história terminasse assim: Carminha mudada, arrependida, amando de verdade e pedindo perdão a todos que ofendeu e Nina, dentre tantos a principal ofendida, perdoando e tendo saciada a sede de justiça e não sede de vingança. Tenho a forte impressão que o final não será este. O Brasil das avenidas precisa ver o símbolo do mal agonizando e o símbolo do bem não apenas vencendo, mas também “pisando na cabeça do seu inimigo”. Seria uma injustiça a conversão (não falo de religiosa) de Carminha, seria uma burrice o perdão de Nina. Mas que grande exemplo seria!
Conversão e perdão caminham na mesma avenida, lado a lado no caminho do arrependimento. Estes são para Ninas, Carminhas e Fabios, são para todos os que se enquadrão na qualidade de serem alvos da graça de Jesus. Tal qualidade é, simplesmente, a de ser enfermo, pois foi para tais que Ele veio oferecer a cura, cura deste estado onde ninguém e símbolo do mal e ninguém é símbolo do bem, já que “todos pecaram”.

E é para todos nas Avenidas do Brasil que o perdão e a graça são oferecidos gratuitamente, de forma simples, sem as complicações da Religião, apenas com um apelo: “Arrependei-vos”, Carminhas, Ninas, Fabios e todos os pecadores-enfermos, “Arrependei-vos”.

Na esperança que a Graça encha as Avenidas do Brasil e as Avenidas da Alma de cada um de nós,

Saúde e Paz, impossíveis sem perdão e misericórdia.

Fabio

Thursday, May 24, 2012

SISTEMA, SISTEMA, SISTEMA




Sistema é uma conjunção de fatos controlados, previsíveis e repetitivos que dominam formas, atos e pensamentos, da religião a economia, mas que se torna invisível aos dominados exatamente por impor esta condição escravocrata na relação com seus participantes passivos e ativos. Por passivos entenda-se os que estão sob domínio; por ativos a referencia é aos que praticam, propagam e incentivam, mesmo que sem que saibam disto, a dominação sistematizadora.

Um sistema, normalmente será reproduzido por grande parte dos que estão sob ele, ou seja, por não ser percebido dominados-dominados e dominados-dominantes reproduzirão automaticamente aos que influenciam a única forma de viver que sabem e vêm, a forma que um sistema diz que existe. Não há opção, há reprodução sistemática. A variante que se apresentam nestes processos reprodutivos do sistema são apenas “novidades” do próprio sistema para se reinventar e ficar menos visível ainda. Com cara de novo, mas com a mesma alma vampiresca que parece não morrer nunca e que só sai a noite, por que a Luz lhe incomoda demais e pode até mata-lo.

Essa coisa bem Matrix esta em tudo e envolve a todos, dando-lhes de beber “do vinho da grande meretriz” (vide Apocalipse 17), embebedando, mascarando os sentidos e fazendo da não-sobriedade, da letargia, um estado permanente de alegria, de entretenimento, de saberes e de credos, frutos do domínio do sistema regido pela batuta invisível do maestro dominante.

Chegado a estes meros conceitos retirados da observação crítica, surge, imediatamente, a questão: como não viver dominado? Como sair de um sistema? Ok. Todos os que percebem que há um domínio que dita regras de pensamento, que formata a cosmovisão e que rouba sua liberdade (não falo de leis) possivelmente já iniciaram o processo de sair da caverna, ao menos apontaram os olhos para a luz da saída, antes apenas formadora das sombras que pareciam ser as únicas coisas de fato reais.

Os que dizem ver a luz e não enxergam os jogos do poder e, por isso, se mantêm aprisionados pela mente e pelas formas dominantes, apenas dizem, falam, papagaiam, imitam. Demagogos cansativos se fazem. Anunciadores do que não sabem, vagam perdidos no umbral, nas margens do Aqueronte, não sabem se vão ou se voltam, sem que saibam que nunca voltarão, dado que nunca foram. Pobres almas, não possuem nem uma moada para Caronte. São como os de Laodicéia, pobres, cegos e nús.

Todo sistema sabe que vaidade é uma arma sedutora. Alimenta isto como quem amenta a criança faminta. Fala o que se quer ouvir, faz o que se quer ver, propaga o que todos passivamente dirão “amém”. O que ele espera de volta? As mesma coisas ditas anteriormente, ou seja que se fala o que ele quer, que se faça o que lhe agrada ver, que se propague o que potencializa a passividade dominada e o carisma dominante.

Dito isso, reflita comigo partindo do conceito para a prática. Ouço muito a pergunta “você criou um novo sistema?”. As vezes ouço isto como afirmação. Na maioria das vezes não ouço, por que não querem se dar ao trabalho de ouvir a resposta. Entendam, quem se iguala aos outros, quem fala de suas fraquezas sem o “pudor virginal”, quem não vende a si, não será instrumento de dominação ao mesmo tempo quem faz o contrario destas coisas, por mais que diga que não é dominante e dominado, multiplicador de cegueira e, possivelmente, precisa desta imagem falsa para viver.

Comparemos com Jesus, com o Evangelho, o que há enquanto sistema religioso-politico-cultural e o choque sempre será grande, se de fato quisermos ver. A proposta do Evangelho de Jesus é de mudança de consciência, de mente, tudo isso motivado pelo amor a Ele e pelo outro. Sendo que, este amor não provêm da bondade humana, mas dEle em nós. Não há nada novo. É o velho e bom Evangelho, a boa nova, que liberta, que é luz, que faz o cego ver.

Cansei da demagogia hipócrita de quem denuncia um possível sistema, mas bebe das mesmas taças e do mesmo vinho da vela meretriz reinventada. Perdoe-me o desconforto, mas realmente cansei de ouvir mensagem de uma pseudo-nova-reforma. Não há o que reformar. Remendo novo em odre velho rasga o odre e faz derramar o vinho, é preciso que sejamos, cada um, pessoalmente, odres novos, para que recebamos o vinho novo e o mantenhamos incorruptível. O vinho novo conserva o odre novo. Falo de uma nova consciência, uma nova vida, transformado pelo Mestre que em Caná fez um vinho bem melhor.

Vamos protestar contra o sistema? Não! Ao menos que não seja esta a nossa motivação. Não o combater, o denunciar pelo idealismo ou pelo prazer do combate. Não gastemos tempo com aquilo que esta aí sendo o que sempre foi: o ambiente, o habitat do pai da mentira. Nosso maior protesto é o amor. Não a passividade, mas o amor que fala a verdade e abraça com graça. Não empunhemos as espadas, levantemos a paz. Denuncia-lo sim, porém que até isto seja motivado pelo amor, amor pela liberdade e misericórdia com os que não consegue ver. Que o maior esforço seja o de gastar tempo e suor na pratica do amor, na construção de amizades verdadeiras. Não elejamos inimigos, desconstruamos a inimizade pelo vinculo da paz, pelo perdão, ainda que unilateral.

No amor de Quem a liberdade é mais que ideal é realização Sua.

Saúde e Paz,
Fabio

Thursday, May 03, 2012

O SONHO QUE NÃO GOSTARIA DE TER SONHADO


Há alguns meses tive um sonho que ainda me perturba. Não sou uma pessoa ligada à mística dos devaneios noturnos e que fica buscando interpretações e sentidos para essas experiências que, ao menos para mim, na maioria das vezes, só se justificam pelos reflexos do subconsciente. Dessa vez, no entanto, foi diferente, tão diferentemente estranho que ainda hoje, meses depois, tal experiência ainda me parece viva e angustiante.

Sonhei que fora chamado para participar de uma missão da Índia. Meu trabalho era ajudar na estruturação de uma escola em determinada cidade daquele país, onde o evangelho havia sido distorcido de forma tão agressiva que virara objeto dos maiores e mais bizarros crimes. Nessa escola nosso trabalho era tentar construir, em meio a lideres religiosos e interessados, uma consciência crítica e promover reflexões profundas sobre tudo o que estava acontecendo no universo religioso daquele país, e, nessa casa, o universo religioso era cristão. Nós, imbuídos desse esforço missionário pelo evangelho, morávamos em uma ilha e trabalhávamos no continente. A estada na ilha se justificava por questões de segurança, já que nosso trabalho era visto como destrutivo pelas grandes e poderosas lideranças locais. Vivíamos com dois dólares diários, e com isto nos sustentávamos durante o trabalho na escola, comendo e bebendo o que era possível com essa contia. Pela manhã, um pequeno barco nos levava para o continente e, à tarde, voltávamos para ilha-base.

Meu trabalho era readaptar o espaço da escola às condições que uma nova lei local exigia. Precisávamos aumentar cinquenta centímetros da área da sala que ocupávamos em um pequeno prédio na parte central da cidade. Então eu estava imbuído em desmontar uma parede de madeira e reposicioná-la cinquenta centímetros depois, isto para que a escola não fosse fechada pelas autoridades. Para tal coisa, a necessidade era de cinco dólares para a compra de parafusos, buchas e afins. Aqui começa a parte perturbante: Tentamos levantar esse valor dentre os alunos. Dissemos que não tínhamos e que se esse pequeno valor não fosse arrecadado a escola poderia ser fechada. Pasmem! Ninguém dentre os vinte e poucos alunos se moveu para ajudar. Ninguém dentre aqueles que se diziam mais conscientes do evangelho de Jesus. Tivemos que arrecadar entre nós mesmos, retirando esta contia do pouco que tínhamos para nosso sustento diário. Questionei então o porquê desta atitude dos alunos ao diretor da escola e ele me levou para ver o que estava realmente acontecendo dentre os cristãos daquela cidade. Ligou um aparelho de TV e estava ali um pregador que dizia que Deus retribuiria muitas vezes mais o que fosse ofertado a seu ministério e que, de quem não tivesse nada para ofertar a Deus, aceitaria o sacrifício de seus filhos como oferta.

Fiquei incrédulo! Não era apenas dinheiro, era a morte de crianças. Não acreditava e disse ao coordenador da escola, um homem alto, branco, com aparência anglosaxônica, que isso não poderia ser literal. Ele então me convidou para visitar uma grande “igreja”, a mesma do pregador televisivo.

Ao chegarmos lá, havia um grande altar e uma parede enorme feita de cadáveres infantis queimados ao deus do evangelho da morte e da troca. Minha reação foi o choque, a indignação, e a resposta do meu amigo foi: Fabio, aqui ninguém dá nada se nada for oferecido em troca, mas se você oferecer algum lucro são capazes de matar seus filhos e ainda acreditarem que estão adorando a Deus. Nosso desafio era maior do que eu pensava. As ideias de prosperidade, lucro e sucesso haviam gerado uma besta devoradora de cadáveres infantis, carbonizados em adoração a um ente assassino que eles chamavam de deus. Mamom era este ente. Acordei. E esta frase me persegue: “Ninguém dá nada se nada for oferecido em troca”. A imagem da parede de cadáveres também me vem à mente como se eu tivesse vivido de fato.

E uma pergunta me invade a alma: Pai, o que é isso? Perturbador é saber que hoje, não no sonho, a essência disto tudo é verdade. Falta tudo para a Verdade e para quem nada oferece em troca, quem não vende indulgências e nem se vende aos compradores insaciáveis, compulsivos no consumo da mentira.Enquanto isso há pequeninos morrendo de fome, de angústia, de dor, de falta de amor e de amigos. Encerro aqui. Não gostaria de ter sonhado isso, menos ainda de ver que este sonho é reflexo (talvez ultra dimensionado, ou seria micro dimensionado?) da realidade brasileira.

Com a alma sangrando e com amor pela Verdade.

Fabio

Monday, March 19, 2012

ILUSIONISMO. Das mãos hábeis ao olhos tolos.


O Mágico comanda o show,
Picadeiro iluminado, a platéia na penumbra,
Muita gente pagou pra ver,
Pagou pra ser iludido, já que o que é não é o que se vislumbra,
Disso grande parte sabe, mas o show vale a pena.

Os olhos e as mentes são dele, do Mágico,
Senhor dos mistérios, sua obra é o iludir,
A música, a bruma, o cheiro, a lona, a luz tudo se soma e monta o cenário,
As mãos se movem rápido, os olhos se complicam,
Outras mãos agora aplaudem, saúdam sua pessoal incapacidade de discernir.

Neste instante o aplauso é coerente, mas pouco inocente,
Pagaram pra não saber,
- Aplaudamos quem nos cega!
Lindo espetáculo, triste visão quando o circo é a vida,
E o Mágico sou eu, é você, é o pai, o pastor, o líder, o patrão.

E o povo aplaude inculto, cego, tolo, manipulado,
A verdade é escondida, a platéia na penumbra,
O que importa é o valor, o ingresso, o preço da ilusão,
- Eu paguei, quero não ver!
O engano está nos fatos, estampados nos atos, nas cenas de um show que não vale a pena.

Pena? A pena é de morte,
Pra quem escolhe enganar,
A mesma pena esta posta diante dos que sabem, mas não querem saber,
Preferem o preço do ingresso, ver o show da ilusão do Mágico, do artista.
Os olhos tolos do iludido são as ferramentas de trabalho do ilusionista.

Fabio

Monday, March 12, 2012

MENINA, FEMININA, MENINA




Mulher é bicho esquisito, todo mês sangra, já dizia a canção.
Pensando bem este bichinho delicado dá-nos prova de força e readaptação todo mês.
Seu corpo preparado para a maternidade se refaz, para que esteja pronto novamente para esta missão divina, a vida.
Refazer-se não é fácil como processo longínquo, imagina refazer-se a cada mês.

Sensibilidade a flor da pele que faz ver o que nós, meros homens, seres dos olhos, não conseguimos enxergar, mesmo querendo.
É visão com a alma, audição intuitiva, que assusta pelas vezes que acerta o que pressupõe.
Talvez seja experiência, ou inteligência, mas desconfio que seja alma, alma de mulher.

Verás que um filho teu não foge a luta e verás que tuas filhas são as que dizem “não fuja, lute”, quando teus filhos se acovardam e choram.
Verás que tuas filhas são lutadoras corajosas e bem mais honestas na guerra.
Verás que suas armas são infalíveis, estratégicas e irresistíveis.

Mulher, teu rigor e teu amor, seriedade e serenidade, honestidade e paciência, nos captura e encanta.
Só não se deixa encantar quem se faz de rogado, de macheza estúpida se impõe pela força da, voz, do braço, do macho, do menino que quer porque quer.
Pobre imbecil, perdeu a melhor parte da vida, o caminho ao lado desta força chamada Mulher.

Minha singela homenagem,

Fabio

8/03/2012. Dia Internacional da Mulher.

Wednesday, February 01, 2012

É PRA LÁ QUE EU VOU (AINDA ESTOU INDO)


Esse texto é um carta-bússula. Ele aponta a rota que não podemos perder. Se você se importar com o ponto de chegada, então leia-o.

Se quiser saber pra onde estou indo e se pretende andar comigo, leia-o, mas se tiver afim de ser guiado cegamente para não se sentir responsável por nada e no fim poder dizer – “fiz o que meu guru me orientou”, ou ainda -“foi o pastor que tu me destes”, te peço por favor leia, releia e leia novamente o que você começou a ler agora.

Há alguns anos que resolvi me comprometer unicamente com o Evangelho me descomprometendo com a mensagem evangélica e suas verdades feitas de mentirinhas gospel. Quem estava acostumado a me ouvir já há vários anos atrás, fosse pregando fosse no dia a dia, sabe disso. Ainda que estivesse por lá já não me sentia de lá. Então, por forças que, a priori, me pareciam circunstancias vindas de incompatibilidades de pensamentos e por não aprovar certas coisas aprovadas pelo meio, saí. Saí sem saber para onde ir (e não venha me comparar com Abraão, até porque não cheguei em Canaã). Naqueles dias pensei mesmo em não ir para lugar nenhum, ou ir para algum lugar bem longe (Pra onde tenha sol /é pra lá que eu vou). Aliás, essa era a vontade de toda a minha família. Nesse tempo foi possível perceber que a força que catapultou-me do lugar de onde saí me arremessou bem mais longe do que eu mesmo conseguia ver. Senti-me livre de todo uma mentalidade e não apenas de uma institucionalidade. Esse era (e em mim ainda é) o espírito das primeiras reuniões que fizemos lá em casa; gente que se encontrou por que já não conseguia se encontrar em igreja alguma. Muitos rotulados, excluídos, exonerados, execrados, caluniados, decepcionados e outros apenas por querem uma alternativa, mais informal para viver em comunhão com os irmãos. Então foi assim.

No dia em que propus o nome Espaço Betel para o lugar destes encontros, que até aí era minha casa também, deixei claro que a proposta era a de não levantar bandeira alguma, de não nos sentirmos dono de igreja alguma, que o Espaço Betel jamais seria nossa igreja, mas apenas nosso lugar de encontro. Dar um nome àquela iniciativa era necessário senão qualquer outro nome surgiria, e fatalmente seria A Igreja do Pr. Fabio, isso eu não queria e não quero.

Gente querida, eu estou disposto a lutar por isso! Não pelo Espaço Betel, mas pela vida baseada apenas no Evangelho e se um dia o nosso espaço nos tirar da centralidade do Evangelho de Jesus e virar nossa bandeira, nossa visão, nossa verdade, então ele terá virado nossa igreja, e eu a cobertura espiritual de vocês. Quero avisar a quem interessar possa que serei eu o primeiro a dizer “Game Over”se perceber que descambamos para o igrejismo, para o evangelicalismo, ou qualquer forma de farisaísmo egocêntrico. Sei que sempre haverá gente quem não entenderá a fundo essa iniciativa , mas creio que devemos continuar a missão, tendo esperança, acreditando no Evangelho. Acretitando também que é possível viver em amor a Cristo e só.

O Espaço Betel é apenas um lugar, não é nossa igreja. Não é casa de Deus, é a nossa casa. Espaço já designa lugar, Betel é “casa de Deus” em hebráico, o lugar abriga a “casa de Deus”. Betel , “casa de Deus”, somos nós Igreja de Jesus. Pessoas-Templos ambulantes. O lugar é nosso, nós somos Dele não do lugar.

Mas qual o problema de chamarmos o nosso espaço de igreja? Todo mundo sabe que Igreja são pessoas? Se sabem porque o uso da palavra equivocadamente? Palavras carregam consigo conceitos que vem da mentalidade do sujeito, mentalidade que não necessariamente nasceu nele ,mas que pode ter sido formada nele. Normalmente é assim, expressamos o que pensamos pelas palavras que pronunciamos reproduzindo o que aprendemos. Então “ a boca fala do que o coração está cheio”. Se palavras têm poder, é esse: elas revelam quem somos. Mas não há pecado algum em chamar o Espaço Betel nem instituição nenhuma de igreja e não serei eu que vou ficar vigiando a boca de ninguém com uma colher de pimenta pra castigar quem falou “palavrão”. Eu não sou pai de mais ninguém que não sejam meus filhos (Lucas, Rebeca e Asafe). Por isso não me preocupo com disciplinas. Que cada um vigie a si mesmo e veja se a vida que vive tem coerência com o Evangelho, se não tiver que se converta. Mas como eu gostaria que todos nós vivêssemos sendo Igreja e não simplesmente estando na igreja. O problema de acharmos que Betel é nossa igreja tende, a médio pra longo prazo, a nos igrejizar. Se isso acontecer, não vai demorar muito e alguém vai vestir a camisa, outros chamarão de betelanos os de Betel; haverá pessoas que terão “amor pela obra” já que trabalham mais que as outras, os obreiros e oficiais serão mais espirituais que os membros e os pastores serão mediadores.

Possivelmente alguém se renderá aos discursos de prosperidade e dízimos e ofertas passarão a ser obrigatório, sendo que o medo do devorador motivará os dizimistas. As pessoas desejarão cargos e postos pelo prazer de ter comando, de possuir súditos. A palavra pregada será inquestionável e ministros conduzirão o povo à adoração. O pastor será um bispo ou um apóstolo. Se este dia chegar vocês poderão me encontrar novamente na minha casa, possivelmente reunindo pessoas e dizendo que o Reino de Deus está em nós e que o que importa é vivermos o Evangelho e não sermos evangélicos. Dizendo que sou igual a vocês e que em nada tenho mais poder que qualquer um dos irmãos. Se me acharem pregando algo diferente me exortem por que enlouqueci. Mas lutarei para que nada disso aconteça, para que estas palavras não se tornem profecia. Minhas armas são o exemplo e a Palavra. Porém minha luta terá sempre um prazo, o prazo da tolerancia. Se preceber que me tornei intolerante e intoleravel, meu esforço terminará.

Só quero o que for do Evangelho, nada mais. Não queiramos oficiais, obreiros e ministros, mas queiramos servir cumprindo cada um seu papel no Corpo por amor, pois é assim o Evangelho. Não queiramos ditar o que é pecado ou não, mas cada um, com a consciência guardada pelo Evangelho se converta todo dia em alguém que aceitou a proposta livre e libertadora de seguir a Jesus. Assim, pecado é tudo o que é não segundo o Evangelho. Até nossa santidade se faz pecadora se for juiz do outro. Não nos preocupemos com números, que cheguem os que chegarem e fiquem os que ficarem, mas que todos sejam motivados pelo amor a Cristo e aos irmãos.

Ouvindo isso alguém pode dizer – “Então vale tudo?”, vale tudo que for do Evangelho e que achar coerência com Jesus, fora disso não vale. E o que farei quando achar alguém que a vida não está de acordo com o Evangelho é, no máximo, orientar que esta se afaste de atividades publicas, sem ver ninguém como “mulher imunda”. Jamais atirarei pedra alguma, não posso fazer isso, tenho pecado.

Amados, Espaço Betel é um meio e não pode nunca virar um fim. Betel é um lugar que abriga pessoas que devem querer viver segundo o Evangelho. Pessoas farão deste lugar um lugar aprazível ou transformarão esse espaço em um ídolo.Que cada um faça para si e para o próximo todo bem do Evangelho em amor e liberdade.

Antes de terminar quero só deixar um lembrete, essa não é minha visão para o Espaço Betel é apenas o viver conforme a Palavra. Se você não concorda isso não nos fará inimigos jamais, só te peço que leia o Novo Testamento e repense a vida. É o que tenho feito diariamente.

E eu continuo indo para lá onde sempre tem Sol, o Sol da justiça, o Príncipe da paz e dono da alegria, é pra lá que eu vou. Vamos juntos?

Um grande abraço aos que diante disso ainda quiserem me tolerar e aos que não quiserem também.

Saúde e Paz
Fabio