Friday, March 27, 2009

É PRA LÁ QUE EU VOU


Esse texto é um carta-bússula. Ele aponta a rota que não podemos perder. Se você se importar com o ponto de chegada, então leia-o.

Se quiser saber pra onde estou indo e se pretende andar comigo, leia-o, mas se tiver afim de ser guiado cegamente para não se sentir responsável por nada e no fim poder dizer – “fiz o que meu guru me orientou”, ou ainda -“foi o pastor que tu me destes”, te peço por favor leia, releia e leia novamente o que você começou a ler agora.

Há alguns anos que resolvi me comprometer unicamente com o Evangelho me descomprometendo com a mensagem evangélica e suas verdades feitas de mentirinhas gospel. Quem estava acostumado a me ouvir já há vários anos atrás, fosse pregando fosse no dia a dia, sabe disso. Ainda que estivesse por lá já não me sentia de lá. Então, por forças que, a priori, me pareciam circunstancias vindas de incompatibilidades de pensamentos e por não aprovar certas coisas aprovadas pelo meio, saí. Saí sem saber para onde ir (e não venha me comparar com Abraão, até porque não cheguei em Canaã). Naqueles dias pensei mesmo em não ir para lugar nenhum, ou ir para algum lugar bem longe (Pra onde tenha sol /é pra lá que eu vou). Aliás, essa era a vontade de toda a minha família. Nesse tempo foi possível perceber que a força que catapultou-me do lugar de onde saí me arremessou bem mais longe do que eu mesmo conseguia ver. Senti-me livre de todo uma mentalidade e não apenas de uma institucionalidade. Esse era (e em mim ainda é) o espírito das primeiras reuniões que fizemos lá em casa; gente que se encontrou por que já não conseguia se encontrar em igreja alguma. Muitos rotulados, excluídos, exonerados, execrados, caluniados, decepcionados e outros apenas por querem uma alternativa, mais informal para viver em comunhão com os irmãos. Então foi assim.

No dia em que propus o nome Espaço Betel para o lugar destes encontros, que até aí era minha casa também, deixei claro que a proposta era a de não levantar bandeira alguma, de não nos sentirmos dono de igreja alguma, que o Espaço Betel jamais seria nossa igreja, mas apenas nosso lugar de encontro. Dar um nome àquela iniciativa era necessário senão qualquer outro nome surgiria, e fatalmente seria A Igreja do Pr. Fabio, isso eu não queria e não quero.

Gente querida, eu estou disposto a lutar por isso! Não pelo Espaço Betel, mas pela vida baseada apenas no Evangelho e se um dia o nosso espaço nos tirar da centralidade do Evangelho de Jesus e virar nossa bandeira, nossa visão, nossa verdade, então ele terá virado nossa igreja, e eu a cobertura espiritual de vocês. Quero avisar a quem interessar possa que serei eu o primeiro a dizer “Game Over”se perceber que descambamos para o igrejismo, para o evangelicalismo, ou qualquer forma de farisaísmo egocêntrico. Sei que sempre haverá gente quem não entenderá a fundo essa iniciativa , mas creio que devemos continuar a missão, tendo esperança, acreditando no Evangelho. Acretitando também que é possível viver em amor a Cristo e só.

O Espaço Betel é apenas um lugar, não é nossa igreja. Não é casa de Deus, é a nossa casa. Espaço já designa lugar, Betel é “casa de Deus” em hebráico, o lugar abriga a “casa de Deus”. Betel , “casa de Deus”, somos nós Igreja de Jesus. Pessoas-Templos ambulantes. O lugar é nosso, nós somos Dele não do lugar.

Mas qual o problema de chamarmos o nosso espaço de igreja? Todo mundo sabe que Igreja são pessoas? Se sabem porque o uso da palavra equivocadamente? Palavras carregam consigo conceitos que vem da mentalidade do sujeito, mentalidade que não necessariamente nasceu nele ,mas que pode ter sido formada nele. Normalmente é assim, expressamos o que pensamos pelas palavras que pronunciamos reproduzindo o que aprendemos. Então “ a boca fala do que o coração está cheio”. Se palavras têm poder, é esse: elas revelam quem somos. Mas não há pecado algum em chamar o Espaço Betel nem instituição nenhuma de igreja e não serei eu que vou ficar vigiando a boca de ninguém com uma colher de pimenta pra castigar quem falou “palavrão”. Eu não sou pai de mais ninguém que não sejam meus filhos (Lucas, Rebeca e Asafe). Por isso não me preocupo com disciplinas. Que cada um vigie a si mesmo e veja se a vida que vive tem coerência com o Evangelho, se não tiver que se converta. Mas como eu gostaria que todos nós vivêssemos sendo Igreja e não simplesmente estando na igreja. O problema de acharmos que Betel é nossa igreja tende, a médio pra longo prazo, a nos igrejizar. Se isso acontecer, não vai demorar muito e alguém vai vestir a camisa, outros chamarão de betelanos os de Betel; haverá pessoas que terão “amor pela obra” já que trabalham mais que as outras, os obreiros e oficiais serão mais espirituais que os membros e os pastores serão mediadores.

Possivelmente alguém se renderá aos discursos de prosperidade e dízimos e ofertas passarão a ser obrigatório, sendo que o medo do devorador motivará os dizimistas. As pessoas desejarão cargos e postos pelo prazer de ter comando, de possuir súditos. A palavra pregada será inquestionável e ministros conduzirão o povo à adoração. O pastor será um bispo ou um apóstolo. Se este dia chegar vocês poderão me encontrar novamente na minha casa, possivelmente reunindo pessoas e dizendo que o Reino de Deus está em nós e que o que importa é vivermos o Evangelho e não sermos evangélicos. Dizendo que sou igual a vocês e que em nada tenho mais poder que qualquer um dos irmãos. Se me acharem pregando algo diferente me exortem por que enlouqueci. Mas lutarei para que nada disso aconteça, para que estas palavras não se tornem profecia. Minhas armas são o exemplo e a Palavra. Porém minha luta terá sempre um prazo, o prazo da tolerancia. Se preceber que me tornei intolerante e intoleravel, meu esforço terminará.

Só quero o que for do Evangelho, nada mais. Não queiramos oficiais, obreiros e ministros, mas queiramos servir cumprindo cada um seu papel no Corpo por amor, pois é assim o Evangelho. Não queiramos ditar o que é pecado ou não, mas cada um, com a consciência guardada pelo Evangelho se converta todo dia em alguém que aceitou a proposta livre e libertadora de seguir a Jesus. Assim, pecado é tudo o que é não segundo o Evangelho. Até nossa santidade se faz pecadora se for juiz do outro. Não nos preocupemos com números, que cheguem os que chegarem e fiquem os que ficarem, mas que todos sejam motivados pelo amor a Cristo e aos irmãos.

Ouvindo isso alguém pode dizer – “Então vale tudo?”, vale tudo que for do Evangelho e que achar coerência com Jesus, fora disso não vale. E o que farei quando achar alguém que a vida não está de acordo com o Evangelho é, no máximo, orientar que esta se afaste de atividades publicas, sem ver ninguém como “mulher imunda”. Jamais atirarei pedra alguma, não posso fazer isso, tenho pecado.

Amados, Espaço Betel é um meio e não pode nunca virar um fim. Betel é um lugar que abriga pessoas que devem querer viver segundo o Evangelho. Pessoas farão deste lugar um lugar aprazível ou transformarão esse espaço em um ídolo.Que cada um faça para si e para o próximo todo bem do Evangelho em amor e liberdade.

Antes de terminar quero só deixar um lembrete, essa não é minha visão para o Espaço Betel é apenas o viver conforme a Palavra. Se você não concorda isso não nos fará inimigos jamais, só te peço que leia o Novo Testamento e repense a vida. É o que tenho feito diariamente.

E eu continuo indo para lá onde sempre tem Sol, o Sol da justiça, o Príncipe da paz e dono da alegria, é pra lá que eu vou. Vamos juntos?

Um grande abraço aos que diante disso ainda quiserem me tolerar e aos que não quiserem também.

Saúde e Paz
Fabio

Wednesday, March 18, 2009

ACAMPADO


Naquela segunda-feira eu estava me sentindo sozinho em meio a grandes lutas comigo mesmo e com a vida.

Tinha a sensação de ter entrado em uma batalha e de ter sido atingido pelo adversário.
Eu era um jovem cheio de desejo de servir a Deus e cheio de desejos também. Eu estava lutando para viver pra Deus. Eu estava lutando pra viver pra mim.
Passei aquele dia inteiro pedindo ao Pai que me desse forças, não queria parar, não poderia parar, mas onde estava aquela fé sólida? Havia desaparecido de dentro mim como poeira no vento. Só conseguia (se é que conseguia) dizer, "Pai me ajuda".
Aquele dia virou noite e chegou a hora de dormir. Meu quarto ficava onde antes havia sido dependencias de empregada na casa de meus pais, ao lado da área de serviço, atraz da cozinha. Não havia na casa lugar melhor para ficar sozinho. Ali ninguém ia a noite o maximo que chegavam era na cozinha ou na área. Fui deitar e fiz o que fazia sempre, sentado na cama orei, li a Palavra, apaguei a luz e deitei-me de barriga pra cima. Naquela noite silenciosa depois de um dia de trabalho, estudo e de batalhas interiores eu só pretendia dormir, mas minha mente deixava? Mesmo deitado, olhos fechados eu não consiguia dormir, ainda estava lutando comigo mesmo.
Derrepente duas coisas aconteceram, ouvi um barulho que me lembrou o click de uma maquina fotografica e junto ao som perecebi que a luz do quarto fora acesa repentinamente. Minha reação automática foi abrir os olhos e ele estava ali. Alguém feito de luz tinha suas mãos estendidas sobre mim. Vi seus olhos, barba, mangas caídas sobre os pulsos, as palmas das mão. Nenhuma palavra, nenhum medo também. Tudo que vi foi em uma pequena fração de tempo, mas os detalhes parecem vir a mente como se eu tivesse observado aquele ser por muito tempo, desses detalhes o mais impressionante era a luz, luz sólida, luz moldada no corpo, tudo era luz.

Assim como veio desapareceu, repentinamente, porém o vigor voltou e, melhor que isso, a paz voltou e eu adormeci.
Esse fato ocorreu comigo na década de oitenta, tinha eu cerca de 17 anos, tinha acabado de ir para o seminário. Depois disso nada mais vi. Poucas vezes contei essa história pra alguém. Tenho a consciencia que facilmente isso pode virar marketing pessoal religioso - se ele viu anjo ele só pode ser mais santo. Assim a graça desce pelo ralo da fé rala.

Óntem caminhando pelas ruas sombrias do subúrbio carioca lembrei-me desse fato enquanto orava ao Pai em meio a caminhada. Mais de vinte anos se passaram, são duas décadas de nenhuma aparição, mas a certeza que a Palavra é verdadeira está plantada no coração. Deus nos livra, Ele cuida dos seus amados. Ele dá ordem aos seus anjos que se acampam ao nosso redor e nos livram. Não estamos sozinhos.

Se as crises e dúvidas de um menino de 17 anos fizeram vir um mensageiro do céu para cuidar de seus sentimentos, se o Pai importou-se tanto com isso que o deixou ver o invisível, creio que você pode crer que o cuidado do Senhor está com você também.

São mais de vinte anos sem ver nada. São mais de vinte anos vendo Deus diariamente, vendo Seu amor, Sua graça. Sua paz e Sua fidelidade, tudo isso pelo mesmo menino, que mesmo já crecido, ainda tem suas fraquezas e medos.

"Bem aventurados os que não viram e creram"

Um beijo fraterno,

Fabio, o menino.

Tuesday, March 03, 2009

QUASE 40

A citação da letra abaixo é minha homenagem a todos os que como eu completam o time dos quarentões esse ano. Minha convocação sai em Outubro. Incluo os quase quarentianos (sic) na homenagem e os pós-quarenta também.
Principalmente os que sabem que seguir a Jesus faz a gente ser mais gente e quando somos espirituais nós nos tornamos é mais humanos. Jesus faz a gente ficar é mais gente fina e não amargurados-juizes-farisáicos-chatos-encaixotados religiosos.

Ando Devagar
Almir Sater e Renato Teixeira


Ando devagar porque já tive pressa,
E levo esse sorriso, porque já chorei de mais,
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe,
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei,
Ou nada sei,
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs.
È preciso amor pra puder pussar, é preciso paz
Pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir.

Penso que cumprir a vida, seja simplesmente
Compreender a marcha, ir tocando em frente,
Como um velho boiadeiro, levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu vou,
Estrada eu sou,
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maças,
È preciso amor pra puder pussar, é preciso paz
Pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir

Todo mundo ama um dia, todo mundo chora,
Um dia a gente chega, no outro vai embora,
Cada um de nos compõe a sua historia, cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz, e ser feliz,
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maças,
È preciso amor pra puder pulssar, é preciso paz
Pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir

Ando devagar porque já tive pressa,
E levo esse sorriso, porque já chorei de mais,
Cada um de nos compõe a sua historia, cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz, e ser feliz.



Em Cristo, que é pra todos os que Nele crêem o dom de ser feliz.

Saúde e Paz
Fabio