Monday, May 24, 2010

SÓ SE FOR SIMPLES ASSIM


Quero só o quer for simples em si. Um bom conteúdo sem pompa, sem brilho de astro. A fala simples e sincera da criança que arrepia de espanto quando me confronta com as possibilidades criativas e mentirosas, complexas e cheias de meias verdades de nós adultos. Quero ser simples.

Quero a boa musica, a beleza das notas, a harmonia, o carinho que uma boa letra faz na alma. Quero a poesia, mas não quero o aplauso enganador, os “vivas” que matam, os ataques de ego, os sentimentos mesquinhos, ridículos. Quero a arte simples.

Quero a amizade, pra ser e pra ter. O riso, a lagrima, a mão. Amizade sempre rima com liberdade, lealdade, sinceridade e verdade, mas também se encontra na piedade. Mesmo que rime não combina com crueldade nem com maldade. Quero a amizade simples.

Quero a Natureza. Simples. O rio corre pro mar; o ar está em tudo; o peixe nada; o cão ladra; o gatinho mia; a vida nasce; a morte mata; o nada é nada. A Natureza é simples assim, o que é édo jeito que é, e mesmo que a razão explique, entenda ou não, é assim que a Natureza é. Quero a Natureza na simplicidade do ser o que é. Na Natureza o sim é sim e o não é não.

Quero ser simplesmente um só. Sem personagens, nem papéis, sem papelões. Quero ser pai, e ser pai; ser marido, e ser marido, ser irmão, e ser irmão. Ser e ser. Não há mais tempo para ser não sendo. Ser simples é ser um só, inteiro, integro e integral. Quero ser simplesmente eu.

Quero o Evangelho. Simples, nu, gracioso e ácido. Nada de conceitos complexos e arrogantes, nada de julgamentos atrozes, nada de personificações e estereótipos, nada de aplausos hipócritas, nada de compra e venda. Nada que não seja simples como Ele é. Quero viver para o Mestre, o Simples.

Quero uma caminhada simples. Uma vida simples. Uma casa simples. Comida simples. Meus filhos sempre aqui, mesmo que longe, meus irmãos por perto, mesmo não estando aqui. Uma ida simples e uma chegada simples. Quero chegar, simplesmente quero.

Pai, tua simplicidade me tira as palavras da boca, me enche de força e paz. Preciso de tua graça. O coração, danado de enganoso, me ameaça. O monstro soberbo me assola a alma. Me esconde em asas de pureza, me segura em teu colo, amigo. Se eu vir a mim como não sou me corrige. Se eu vir o outro com os olhos de juiz e ares de senhor, que eu me lembre de mudar o foco e acertar a vida, antes que seja tarde e eu me esqueça que simplesmente dependo de Quem tem por mim graça e amor.

Na fé simples e orando, simplesmente,

Fabio

Tuesday, May 11, 2010

O PASTOR É MEU SENHOR, SÓ O NADA NÃO ME FALTARÁ


Minha singela observação no universo da fé me impressiona e atrai.Cada vez que tento entender como seres racionais lidam com o que é, supostamente, espiritual menos compreendo as pessoas que se dizem de fé, os religiosos, que por muitas vezes se renegam em aceitar este título, tentando afastar-se da religião-fenômeno enquanto mais e mais para dentro dela se embrenham. Hoje, acho isso estranho. Digo hoje porque já vivi assim também. Algumas coisas que direi aqui já foram para mim mesmo consideradas perigosas e quase hereges (quase é só pra amenizar, já que eram heresias mesmo).

Um dos fatos mais intrigantes da religiosidade é o fato dela centralizar-se no homem ao tentar se elevar para encontrar o que não é humano. As imagens de deuses, são imagens humanas ou de coisa conhecidas pelo homem, mesmo quando refletem o desconhecido na maior parte das vezes simbolizam algo do universo humano – o dragão de S. Jorge é representação do poder romano opositor da fé cristã, representando assim o mal que oprimia, dominava e ainda matava cristãos; a maternidade como símbolo do cuidado de uma deusa mãe-mulher em contraste a postura corretiva e de um deus pai- homem, assim a deusa mãe intercede pelos seus filhos humanos diante do deus pai-homem que é o grande chefe e mandatário de tudo e todos. Comum isto não é mesmo? Bem comum, é o homem viver projetando a espiritualidade apartir de si mesmo, é o homem inventando seus deuses inspirado em sua existência. Até aqui tudo muito fácil, principalmente se em nome da espiritualidade cristã resolvermos a questão acima como sendo apenas defeitos das religiões pagãs e politeístas. “È o diabo da idolatria”, dizem muitos cristãos (a maioria) do alto de seu altar monoteísta. Pronto, a questão se findou. Será?

Não será. A fé de muitos cristãos convictos e ,portanto monoteístas de carteirinha possui muito daquilo que se taxa simplesmente como idolatria, ou seja o ato de criar uma divindade (ou mais do que uma) apartir do homem. Em se tratando de monoteísmo há uma inversão absoluta da figura divina bíblica, já que Deus é feito a imagem e semelhança dos homens. A coisa começa a na ser tão simples, humanizar Deus é aberração. A imagem de um deus comercial, dinherista, banganhador e motivador do sucesso conforme este Mundo é completamente distante da imagem do Pai revelada em Cristo. Um deus assim é secularizado, é deus deste século.

Derrepente, surge por de trás das cortinas alguém que é representante de Deus na Terra, sua mente é a de Deus, sua vida é vida de Deus, ele é homem de Deus, para alguns é quase um deus-homem. Você pensa que estou falando do Messias? Não, estou falando do pastor.

Pastor é função bíblica e, por indução, compreendemos no termo o cuidado, o amor a ajuda aos outros como parte desta bela função no serviço ao Corpo de Cristo. O que não vemos no Novo Testamento é a forma idolatra como muitos se relacionam com pastores, me refiro aos detentores do titulo. A loucura começa quando o título possui o sujeito. Ai começa possessividade da relação com liderados. È o meu pastor, é a mina ovelha, é a minha igreja, é o meu líder, é o meu discípulo, é meu, o meu , o meu. Será que são só palavras ou revelam algo mais? Posse é perigo quando se trata de gente. Possessão tende em transformar gente em coisa. E ai os dois lados entra no jogo.O pastor vira objeto-sagrado e a ovelha vira objeto de trabalho do objeto-sagrado. Ninguém é gente nesta relação, ninguém é livre.O deus representado aqui é o tal do deus secular; o deus deste século.

Outra questão é trato que pastores recebem como sendo inerrantes. Tanto aqui como no caso acima pode substituir o termo “pastor’ por qualquer outra denominação das hierarquias eclesiásticas que dá tudo no mesmo (ou piora). Os discursos de autoridade espiritual envernizam (e infernizam também) lideres, que por não serem questionados, ficam tendendo a uma postura autoritária e mimada, normalmente as duas coisas se combinam bem, gente autoritária e gente mimada. Vejo lideres infantilizadas, incapazes de serem contrariados sem bater os pés e quererem destruir quem disse não pra eles ou que não topou as regras do seu jogo. Birra de gente que foi deformada pelo poder. Triste isso.

Poderia escrever mais sobre estas coisas, mas estes dois exemplos se bastam, o pior é que, para muitos cristãos os pastores são a projeção de Deus. Como Deus é? A imagem mais rápida que vem a mente, mesmo sem que este seja um processo racional, é daquele ser que diz como Deus é, como Deus pensa, o que Deus vai fazer hoje, o que Deus gosta, se Deus está feliz ou não etc. Esta pessoa por estar tão próxima de Deus parece ser a imagem de Deus na Terra. O pastor é o centro da fé de muitos crentes. Lastimável, mas é assim que vive uma multidão de gente. Sorte tem os que não caem nas mãos de enganadores e abusadores. Infelizmente muitos não tem tal sorte. Os meninos e meninas abusados que o digam, os velhinhos com a carteira lisa que contem, os que foram curados diante da TV e voltaram para casa doentes que relatem, os que se dedicaram anos a fio ao trabalho e são deixados de lado como inimigos que se lastimem e a gente que vê tudo isso e cala boca se omitindo que pessamos misericórdia a Deus por que nos tornamos cúmplices em nome da paz.

“Paz sem voz, não é paz, é medo”.

Benção é ver que o bom Pastor que deu a vida pelas suas ovelhas não muda e nem mente. Somos Dele, ovelhas Dele, gente Dele e dos seus Ele cuida. Portanto não há o que temer nem na vida nem na morte. Decepções? São meios de vermos a verdade dos homens. O Pastor não nos decepciona jamais, ao contrario, as feridas que Ele faz, ele mesmo as cura.

Fiquemos firmes em quem é, unicamente, o autor e o consumador de nossa fé. Cristo, o centro de todas as coisas e sirvamos uns aos outros. Quem serve não possui, quem serve não é dono, quem serve em liberdade deixa livre a quem serve. Nessa mutualidade de amor vivamos para o Pai.

E aos que pastoream as ovelhas do Senhor, não sendo diferentes de ninguém, mas cumprindo com temor e amor o chamado do Espirito quanto a função no Corpo como membro deste. Para nós, deixo o que escreveu Pedro:

"Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória". (I Pedro 5. 1-4)

Viver assim é viver o Reino de Deus, qualquer outra coisa é o reino dos homens.

Em Jesus, o Apostolo, o Profeta, o Pastor, o Evangelista, o Mestre,

Saúde e Paz

Fabio