Thursday, November 11, 2010

É BONITA E É BONITA


No corre-corre da vida, os olhos e a alma se iludem obtendo a certeza que podem achar as soluções tão procuradas pelos caminhos e atalhos que percorremos. Quando crianças, procurávamos aquela figurinha difícil, a bola de gude perdida ou a boneca lindinha que era parte dos sonhos. Sonho de criança não se importa com preços, são apenas sonhos sonhados e nem sempre comprados.
Na adolescência, as flores brotam e os sinos tocam. Paixões platônicas, risos e choros. Adolescente ri muito e também chora fácil. Nessa etapa, procurávamos o amor, a compreensão da vida, o motivo, aquela razão para estar aqui.
Um dia acordamos às portas da vida adulta. O caminho aqui tem muitas curvas, daquelas estreitas que não te deixam ver o que vem após o término dela, a única opção é fazer a curva até o fim e encarar as surpresas. O futuro é aqui. As escolhas, as decisões, as responsabilidades. A vida real começou, e nós, no caminho, ainda procurando a velha figurinha que completa o álbum, ou aquela singela bonequinha que faria o sonho realizar-se.

Adultos? São os donos de si e do mundo. A vida é dos adultos. Responsáveis e livres. Capazes de ser o que quiserem, são senhores e senhoras de si. E a tal figurinha ou bonequinha? Compra-se. Qualquer vitrine vende. As paixões também têm seu preço e os adultos podem comprar. Ser adulto é um estado de supremacia, até que o show acaba e as luzes apagam. Ah, que saudade da minha infância querida, do cheiro de terra, do dedo esfolado, do café com leite antes da escola, do sono tranquilo e cansado de tanto fazer nada, ou fazer tudo que só criança faz. Nessa hora, o adulto se rende e conclui que o que tanto procurou até hoje, era exatamente o que tinha vivido ontem: a pureza do sonho da criança, a simplicidade da vida, a beleza do sonho sem preço.

"É preciso ser como criança", nos ensinou o Mestre. Ninguém nos conhece mais que Ele. Quem inventou os tempos, as estações do ano e as estações desta trilha chamada "viver na terra dos homens". Diante de tantos supostos referenciais de sucesso e fortuna, de fama e felicidade, Jesus aponta para nós, adultos, uma referência louca e aparentemente retrógrada, uma volta ao passado como fator preponderante para a felicidade presente e a segurança futura. O ente referencial é a criança. Criança é do jeito que é, simplesmente, por ser o que é: criança.

Autenticidade, humildade, carinho, uma bela dose de sonhos e risadas, somados com o fato de ir para escola todo dia, mesmo depois de ter se formado em tudo, a vida-escola continua, e nós, como alunos, não podemos deixar de prestar atenção às suas lições. Ainda estamos sujeitos às reprovações. Amiguinhos também são indispensáveis, até aqueles que brigam com a gente, mas que ainda jogarão no nosso time, e juntos comemoraremos as vitórias e choraremos as derrotas. Pois é, ainda é bom rir e chorar.

No corre-corre da vida, na busca pelo que chamamos de felicidade, na corrida do ouro e na proclamação de nossa independência, nem percebemos que as reposta estão naquilo que um dia fomos, e que se perdeu pela inevitável marcha do tempo. Crescemos e matamos o nosso eu-feliz, a criança. Pura, simples e em paz.

O segredo está na beleza da resposta da criança, vivendo e não tendo vergonha de ser feliz, e, mais ainda, cantando a beleza de ser um eterno aprendiz.

Das crianças é o Reino dos Céus.


No amor de Quem nos indica a criança como referencial de vida.

Saúde e Paz,
Fabio