Monday, April 25, 2011

CAMINHO E CAMINHADA



No meu caminho já tive dias de sol. O azul do céu, cheiro de mato, o mar calmo e morno a água limpa, o vento suave, nestes dias, me faziam navegar tranquilo e esquecido de que navegar é preciso, independente das condições que se apresentam. No meu caminho o sol já faltou, já houveram dias de nuvens altas e garoa fina, dias daqueles que o frio de fora nos convida pra não fazer nada, mas já houveram nuvens baixas, tempestuosas, pancadas destruidoras que fazem a gente questionar se o verão vale apena. Já vi o mar nervoso, já vi mar sereno.

No meu caminho já andei na sombra. Atravessei um rio com as aguas geladas e limpas nas canelas, depois de dirigir quarenta quilômetros em estrada de chão no cerrado do planalto central. Melhor ainda, estava na companhia de bons amigos. Já vi rios descomunalmente lindos e já atravessei mata fechada só para ver a margem de um deles e tentar pescar. Só consegui olhar, mas ver o que vi valeu por muitas pescarias. Só que neste meu caminho já andei e nada vi, já fui certo que havia e não estava lá. Já andei sozinho, mesmo cercado de gente e também já caminhei sozinho e sozinho. Já me cansei e nem notei que a paisagem era bela. Já quis parar e descansar, dormir e nem sonhar.

No meu caminho já sonhei, vislumbrei, acreditei e conquistei. Mas já senti o gosto amargo e enjoativo de sonhar, vislumbrar, acreditar e me frustrar.
No meu caminho já tive amigos que estiveram presentes e que me achavam um bom amigo também. Decepcionei alguns e me decepcionei com outros tantos. Já fui aplaudido e já fui ofendido. As curvas da caminhada escondem dos olhos a possibilidade de ver o que nos espera depois delas. Só a fé e a esperança, companheiras de caminhada, nos ajudam a encarar as curvas.

No meu caminho eu faço a seguinte cronologia: aos 19 eu tinha uns 25 anos; aos 23 fiz 35; aos 27 já tinha mais de 43 e aos 35, quando vi os primeiros cabelos brancos aparecerem e um bocado de outros começarem a se ausentar, eu tinha a certeza que já passava dos 50. Aos 36 fiz 36. Hoje tenho 41.

No meu caminho já vi fartura, mesa cheia, opções e dei graças por isso. Vi gente chique, etiqueta, o vinho bom. Já fui em festa muito cara e já comi em restaurante que nunca pensei entrar. No meu caminho conheço o não ter nem a mesa e falta de opções, dei graças por isso. Já fui a festa que nem o aniversariante foi. Já fiquei em hotel 5 estrelas. Já fiquei em hotel que não tinha nem céu, que dirá estrela.

No meu caminho vejo meus filhos crescendo e caminhando e me lembro de quando nem andavam sozinhos. Ouço ainda as suas vozes dizendo: “Pai brinca comigo?” Infelizmente varias vezes respondi que não poderia porque tinha que trabalhar ou estudar. Hoje, por vezes ,me pego pedindo: “Filho, vem brincar comigo.” E ouço as mesmas respostas que dei. Eles já começaram a construir o caminho deles.

Meu caminho é assim, igual ao seu. Nesta caminhada sigo no Caminho, buscando a Verdade, tendo como o alvo a Vida.

No amor de Quem é em si Caminho e caminhada.

Fabio

6 comments:

Sayonara said...

Lindo!!!! Você é um pastor poeta. Confesso que gosto do pastor Fábio, mais o poeta Fábio foi uma agradável surpresa!!!!!
BJs

naiane souza said...

"As curvas da caminhada escondem dos olhos a possibilidade de ver o que nos espera depois delas. Só a fé e a esperança, companheiras de caminhada, nos ajudam a encarar as curvas". Eu te entendo de longe. Com pais q sempre trabalharam fora, fui obrigada a crescer na marra, com resposabilidades muito nova. fui mae do meu irmao mais novo, tanto q ate hj o chamo de filhote. Morar longe, fora, me fez ver tantos caminhos..ja tive muita fartura em Brasilia, ja passei situacoes de geladeira vazia na penultima semana do mes e ficar sem nada de gostoso em casa ate o proximo dia de pgto dos meus pais chegar..mas em tuso de ruim e de bom, podermos reconhecer a fidelidade do Pai e fundamental :)

Mario Correa said...

Amigo Fabio, a vida é assim: curvas a direita, a esquerda, lombadas, subidas, buracos, descidas, sol, chuva, poeira, lama, água e seca, dentre outras coisas. Quem disse que a vida é um mar de rosas? Não foi Jesus, porque o que ele disse foi que no mundo teríamos aflições. E concluiu dizendo para vivermos O dia, e não o amanhã, porque nas aflições da vida basta a cada dia o seu mal.
Então, querido Fabio, às vezes paramos, de tão cansados que estamos. E isso é natural, cansamos. Mas lá no fundo às vezes a voz ecoa: Que fazes aqui?
Não podemos parar na caminhada. O que temos que fazer é, de vez em quando, tirar o pé do acelerador e, se preciso, dar umas freiadas, mas nunca parar. Afinal de contas devagar também é pressa, e devagar também se vai longe.
Abraços fraternos.

Fabio Teixeira said...

Obrigado,

Respostas preciosas demais.

Ellen Aread said...

Nossa nem sei o q dizer..acho q de todas as suas lindas palavras, esse texto foi o mais emocionante. Não sei se é seu objetivo emocionar, mas olha: Não importa. O que importa é o q interessa e o q interessa é o final da nossa caminhada, Jesus!

Eric Jóia said...

Me emocionou como sempre. Estou assim com meu filho, tentando aproveitar cada momento antes que eles passem de vez.

Parabéns meu amigo Pastor aquem muito admiro.