quinta-feira, junho 24, 2010
QUE INDIGNAÇÃO?
"Vendo, então, os principais dos sacerdotes e os escribas as maravilhas que fazia, e os meninos clamando no templo: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se, E disseram-lhe: Ouves o que estes dizem? E Jesus lhes disse: Sim; nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?"
Mateus 21.15 e 16
Ele entrou no templo em Jerusalém. Viu os vendedores de facilidades sacrificiais, viu a devoção tornada em comercio, viu a pobreza religiosa de corações transformando-se em riqueza para os poderosos, viu o que era para ser símbolo de arrependimento estar resumido a comércio. Uma brisa fria soprava de dentro para fora do templo, suntuoso e imponente. Não era o clima mudando, antes era a alma fria dos sacerdotes, a dureza fria dos animais mortos, o fogo frio do altar, o sangue frio dos pecadores que sacrificavam sem arrependimento.
Ele pegou um pequeno chicote. Coisa simples feita a mão, coisa de artesão, de criador. Indignado, virou as bancas, bateu nos vendedores, soltou os animais, deu prejuízo e disse olhando para vendedores e sacerdotes: “Essa casa deveria ser casa de oração. Vocês a transformaram em fonte de lucro. Roubaram-na da sua essência. Fizeram dela seu esconderijo. Ladrões travestidos de santos”.
Ele não viu deles nenhuma reação. Ficaram do jeito que estavam, inertes. Não se indignaram pelas barracas viradas. O silêncio omisso é cortado por vozes infantis. Um coro santo que em alto e bom som aquece tudo aquilo dizendo: “Bendito seja o Filho de Davi, o Messias”. Sacerdotes se entre olham, vendedores se iram. Agora eles estão indignados, seus limites estão sendo testados ao extremo.”Como pode o fazedor de chicote e chicotadas ser o filho de Davi? Aí já é demais!” Um Messias nazareno, carpinteiro e indignado com o Templo é muito além do suportável. Crianças que o exaltam é pior que tudo. “Calem as crianças. Nazareno, você não ouve o que elas dizem?” Agora sim, estão todos indignados. Um Messias simples, um coro infantil e um louvor sincero não é todo mundo que agüenta.
Ele vê e ouve as criancinhas. Sabe e diz que delas vêm o verdadeiro louvor. Louvor puro e sincero, coisa de criança, de almas infantis, que nada vendem e nada compram por nada possuírem, que falam da verdade com verdade. Diante da indignação torpe dos ciumentos comerciantes sacerdotais o Mestre nada diz além do que já havia dito sobre as criancinhas e seus louvores. Sua indignação lhe faz sair dali. Parte para as bandas de Betânia e ali passa a noite. Jerusalém e seu templo-feira mata seus profetas e facilmente se indigna com os que se apegam a verdade.
Dias depois, essa indignação mentirosa o crava na cruz da injustiça. Uma multidão indignada quer a sua morte. As vozes infantis se calam diante da maldade dos arautos da inveja. Sacerdotes e vendilhões, antes indignados, agora estão vingados. Ele agora está onde deveria estar: morto e calado.
A morte que se indigne, já que a Vida a venceu. Que os coros infantis cantem “Hosanas”, o Filho de Davi, o prometido, o esperado das nações está vivo e a Ele foi dado um Nome que é sobre todo Nome. Que tremam os que vendem mentiras sacrificais, o Justo está vivo. Que se confundam os sacerdotes do mercado de almas, o Senhor lhes pedirá contas. Que se arrependam os ladrões escondidos nas estolas sacerdotais, a Luz voltou a brilhar.
Que a indignação hipócrita não nos assalte a alma. Que nos deixemos encher de santa indignação para que jamais calemos o coro sincero e puro dos que trazem consigo o verdadeiro louvor. Que nos juntemos a eles. Que nos tornemos crianças.
No amor Cristo e indignado,
Fabio
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Um comentário:
Esta indignação deve estar conosco a cada dia, para que sejamos verdadeiros em tudo o que ele têm nos ensinado...
aprendendo que ele e a unica VIDEIRA verdadeira .
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