Wednesday, March 18, 2009

ACAMPADO


Naquela segunda-feira eu estava me sentindo sozinho em meio a grandes lutas comigo mesmo e com a vida.

Tinha a sensação de ter entrado em uma batalha e de ter sido atingido pelo adversário.
Eu era um jovem cheio de desejo de servir a Deus e cheio de desejos também. Eu estava lutando para viver pra Deus. Eu estava lutando pra viver pra mim.
Passei aquele dia inteiro pedindo ao Pai que me desse forças, não queria parar, não poderia parar, mas onde estava aquela fé sólida? Havia desaparecido de dentro mim como poeira no vento. Só conseguia (se é que conseguia) dizer, "Pai me ajuda".
Aquele dia virou noite e chegou a hora de dormir. Meu quarto ficava onde antes havia sido dependencias de empregada na casa de meus pais, ao lado da área de serviço, atraz da cozinha. Não havia na casa lugar melhor para ficar sozinho. Ali ninguém ia a noite o maximo que chegavam era na cozinha ou na área. Fui deitar e fiz o que fazia sempre, sentado na cama orei, li a Palavra, apaguei a luz e deitei-me de barriga pra cima. Naquela noite silenciosa depois de um dia de trabalho, estudo e de batalhas interiores eu só pretendia dormir, mas minha mente deixava? Mesmo deitado, olhos fechados eu não consiguia dormir, ainda estava lutando comigo mesmo.
Derrepente duas coisas aconteceram, ouvi um barulho que me lembrou o click de uma maquina fotografica e junto ao som perecebi que a luz do quarto fora acesa repentinamente. Minha reação automática foi abrir os olhos e ele estava ali. Alguém feito de luz tinha suas mãos estendidas sobre mim. Vi seus olhos, barba, mangas caídas sobre os pulsos, as palmas das mão. Nenhuma palavra, nenhum medo também. Tudo que vi foi em uma pequena fração de tempo, mas os detalhes parecem vir a mente como se eu tivesse observado aquele ser por muito tempo, desses detalhes o mais impressionante era a luz, luz sólida, luz moldada no corpo, tudo era luz.

Assim como veio desapareceu, repentinamente, porém o vigor voltou e, melhor que isso, a paz voltou e eu adormeci.
Esse fato ocorreu comigo na década de oitenta, tinha eu cerca de 17 anos, tinha acabado de ir para o seminário. Depois disso nada mais vi. Poucas vezes contei essa história pra alguém. Tenho a consciencia que facilmente isso pode virar marketing pessoal religioso - se ele viu anjo ele só pode ser mais santo. Assim a graça desce pelo ralo da fé rala.

Óntem caminhando pelas ruas sombrias do subúrbio carioca lembrei-me desse fato enquanto orava ao Pai em meio a caminhada. Mais de vinte anos se passaram, são duas décadas de nenhuma aparição, mas a certeza que a Palavra é verdadeira está plantada no coração. Deus nos livra, Ele cuida dos seus amados. Ele dá ordem aos seus anjos que se acampam ao nosso redor e nos livram. Não estamos sozinhos.

Se as crises e dúvidas de um menino de 17 anos fizeram vir um mensageiro do céu para cuidar de seus sentimentos, se o Pai importou-se tanto com isso que o deixou ver o invisível, creio que você pode crer que o cuidado do Senhor está com você também.

São mais de vinte anos sem ver nada. São mais de vinte anos vendo Deus diariamente, vendo Seu amor, Sua graça. Sua paz e Sua fidelidade, tudo isso pelo mesmo menino, que mesmo já crecido, ainda tem suas fraquezas e medos.

"Bem aventurados os que não viram e creram"

Um beijo fraterno,

Fabio, o menino.

3 comments:

Anonymous said...

Isso me fez lembrar de uma situação que vivi também na adolescência (ou seja, não há tanto tempo... hehehe). Tive a experiência de fazer uma oração e ela ser respondida imediatamente, com um telefonema. Impressionante como Deus está atento aos mínimos detalhes de nossas vidas --apesar de nem sempre ser possível perceber...

Carlão said...
This comment has been removed by the author.
Carlão said...

É muito bom ter a certeza de que não estamos só. Acho que isso é uma das coisas que diferem aqueles que realmente conhecem a Deus, das demais pessoas, pois vivemos as mesmas afliços de qualquer pessoa nese mundo. A diferença é que não estamos sozinhos, Ele está conosco e nos envia socorro, até mesmo em coisas consideradas por muitos insignificantes.