Que não sou Evangélico. Que não me identifico (não mais) com
as igrejas e movimentos religiosos que carregam esta chancela nominal e que são
identificadas por práticas e crenças chamadas “evangélicas”. Não me identifico
com suas doutrinas, não me identifico com as formas de expressão de sua fé e
também não me identifico mais em muitos das praticas proibitivas, portanto se
não me identifico com este universo me sinto alheio a ele, aliás vale faço menção
que , pelo que sei, considerado traidor, infiel, filho do diabo e afins em uma
de suas representações. Logo, a recíproca é verdadeira. Minha dedicação é ao Evangelho, a Jesus de
Nazaré, sua missão, sua graça e verdade.
Que não sou cristão. Que não me identifico com o
Cristianismo Histórico, reconheço sua importância na construção do ocidente,
mas também suas mazelas. Não me identifico com Catolicismo, nem com a Igreja
Ortodoxa, tão pouco com o Protestantismo. Não acredito na absolutização da
Reforma como ação de Deus na Terra. A Reforma foi uma consequência histórica, filosófica,
econômica e politica, como tudo que há no mundo dos homens. Não me identifico
com decisões dos Concílios e Institutas de
Calvino. A tudo considero, mas a nada me apego. Acredito no “ser –cristão”, o
ser que se cristianiza, tornando-se parecido com Cristo em seu caráter, vida e,
essencialmente, em amor.
Que não tenho igreja. Que não me sinto nem dono, nem parte de uma organização
religiosa/igreja, ainda que exista uma instituição/pessoa jurídica pela qual
respondo e a qual lidero. Esta organização que chamamos de Espaço Betel,
primeiramente é um lugar e não uma “revelação divina”, em segundo lugar ela
existe para servir a Igreja- pessoas, jamais poderá ser o inverso. Há quem
chame o Espaço de sua igreja, eu não me importo com formas e respeito quem
assim lide com a coisa, mas que fique (e está) claro que igreja/lugar/marca é
coisa humana, Igreja de Jesus é gente que se reúne em qualquer tempo e lugar em
Seu Nome e tendo a Ele como proposito, motivo, ideal e Senhor.
Que Igreja são pessoas. Que quando me responsabilizo por tal
discurso, me responsabilizo pela missão de ser Igreja todo tempo,
dinamicamente, andantemente e não na experiência estática de quem vai e vem de
um lugar e ali cumpre, institucionalmente, suas obrigações religiosas. Ser
Igreja é ser na missão. É no “indo” e não no "ide" que as sementes do
Evangelho vão sendo semeadas.
Que dizimar e ofertar não são obrigações. Que quem dizima/oferta por que é obrigado,
não o faz por amor e sim pela obrigatoriedade, logo só possui o valor de ter obedecido a Lei e não de quem o fez por um gesto de amor e gratidão a Deus.
Dízimos e ofertas falam para nós e não para Deus, falam para nós por onde anda
nosso coração, nossa gratidão e nosso tesouro. Quem deixa de dizimar/ofertar
por que descobriu que o “devorador” de Malaquias é uma metáfora judaica, agrícola
e da Lei, portanto acredita que esse papo de se tornar “ladrão” é invencionice que visa objetivos arrecadadores e quem faz
disso o motivo de sua “libertação financeira” continua na mesma condição que estava antes de “descobrir” tais fatos: um barganhador, interesseiro e com um
potencial para hipocrisia e santarrice. Creio piamente que o Pai nos supre e
que há, da parte dEle, recompensa para quem dá até um copo de água, mas que em
fazendo isso, nem percebe que esta semeando e, portanto, colherá. O semeador
semeia por que é grato pela semente semeada nele. É assim no espirito do
Evangelho.
Que a não acredito em vida secular e vida religiosa como
forma de ser. Isto por que a vida é inteira e não fragmentada. O que sou e faço
como profissional é tanto meu serviço a Deus quanto quando estou reunido com os
irmãos na fé e ali prego, canto ou toco um instrumento. É serviço a Deus por
que é serviço aos homens e é servindo a estes que se serve Aquele.
Que não vejo necessidade de estruturas eclesiásticas complexas,
cheias de cargos, ministérios, títulos, lideres, vice-lideres, dirigentes,
diretores e afins. Tais coisas servem mesmo é para alimentar o ego e para que
os aplausos sejam evidenciados. Na maioria das vezes o que precisamos é da consciência
madura de que somos servos. Quem assim se vê não precisa ser cobrado, não
precisa de metas, de numerários, seu serviço é sua maneira de existir, seja
tocando um instrumento, ensinando para os pequeninos, ajudando em alguma área
menos evidente e qualquer coisa que se expresse em realizações.
Que Deus não precisa das minhas orações. Óbvio. Como
conceber um Ser independente de tudo e dependente apenas de Si como necessitado
de algo? Eu preciso dEle, não Ele de mim. Simples assim. Oro porque preciso da
Sua pessoa e não de suas atuações. Mesmo assim Ele, abundantemente gracioso,
faz mais do creio, oro ou penso.
Que congregar é importante, mas não é tudo. Primeiramente é
importante a caminhada na fé juntamente com outros. Estes outros são chamados para
que construam amizade. “Irmão de igreja” é apenas a institucionalização de
relacionamentos. Congregue sim, com gente e não com “crentes”. Digo isto
pensando na tendência desumanizadora que temos de pensarmos que só gente que crê
como a gente que é gente boa, isto não é verdade e as ovelhas de Jesus só ele
as conhece. Em se tratando de caminhada com Jesus tudo é pessoal, individual,
mas não solitário.
Há muito mais a ser dito, mas que a vida fale e as palavras
se façam compreender pelos atos. Que os discursos cansativos e enfadonhos, se
transformem em ações.
Que a verdade seja o caminho e a vida.
Saúde e Paz
Fabio