sexta-feira, outubro 15, 2010
NÃO NÃO
Não tenho novas e mirabolantes revelações.
Não tenho grandes e astronomicas metas.
Não tenho nenhum carisma que de ibope.
Não tenho em mim nada para que se digam: é especial.
Não gosto das rodas formadas para negociar a consciência.
Não gosto de grupos fechados.
Não gosto de interesses e interesseiros.
Não gosto que me tratem como quem diz: é especial.
Não sei lidar bem quem gosta de enganar.
Não sei fingir que não vi.
Não sei não ficar indignado com quem quer enganar.
Não sei porque as pessoas precisam tanto de alguém para dizer: é especial.
Não me chamem para aplaudir o que cega.
Não me chamem para ouvir música burra.
Não me chamem para ver filmes vazios.
Não me chamem para dizer aos outros: é especial.
Não sou tão forte e nem tão fraco.
Não sou tão ruim e nem tão bom.
Não sou tão fim e nem tão meio.
Não sou em nada alguém que carregue em si um: é especial.
Não tenho olhos de águia.
Não gosto das novas revelações.
Não sei não ser assim.
Não me chamem para não pensar.
Não sou o que muitos querem, nem serei.
O Mestre nos ensinou que Não só pode ter um sentido: Não. Portanto, cada não aqui dito é não mesmo, ainda que a poesia alivie o peso, meus "nãos" são desabafo, o desafogo enojado de quem vê tanta gente só querendo os "sins". Os "sins" são recheados de aplausos e louros. Estão nas paredes, nas estantes, nas prateleiras empoeiradas, nas medalhas , nos corredores escuros e nas mesas onde os sorrisos dizem "sim" e o coração diz "não". Hipócritas infelizes e sorridentes. Consciências doentes de corações vendidos. Cansei-me disso há tempos, continuo cansado, não pretendo descansar.
O evangelho me refaz, renova a alma e a esperança num dia que virá, quando a Verdade dirá o sim e o não. Sim a gente não e Não a gente sim.
Fabio.
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